segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Ternura


Eu te peço perdão por te amar de repente.,
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos,
Das horas que passei à sombra dos teus gestos,
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos,
Das noites que vivi acalentado,
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo,
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo,
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas,
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias,
E só te pede que te repouses quieto muito quieto,
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar ....

Vinicius de Moraes

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