sábado, 15 de junho de 2013

Realizo, logo existo!

Eu, Miriam Rezende Gonçalves, autora/roteirista fui convidada para apresentar uma palestra que intitulei de REALIZO, LOGO EXISTO para 160 alunos de filosofia da Escola Estadual Professor Vicente Lopes Perez sobre o tema “ Introdução ao Existencialismo” inspirada na minha história de vida. E o mais emocionante é voltar após 18 anos na escola onde estudei para encarar esta tarefa. 
Sou mineira, nascida em Monte Carmelo no Triângulo Mineiro, filha de um comerciante de pedras preciosas e de uma psicopedagoga, aos 18 anos ao lado de dois conterrâneos, fiz uma viagem ao Rio de Janeiro que viria a ser a grande guinada de minha vida, ao visitar uma das principais escolas de artes cênicas do país – a CAL (Casa de Artes Laranjeiras) – eu criei coragem, e apostei em meu sonho, me matriculando e no mês seguinte me mudei para cidade maravilhosa e por lá fiquei durante 14 anos. No primeiro trabalho tive um desafio, dar aulas de teatro pelo Governo do Estado na comunidade (favela) Babilônia Chapéu Mangueira através Projeto Jovem Total, quando esse tipo de ação estava longe de ser cult, eu tinha uma turma de 30 alunas de 13 a 21 anos. Meu primeiro dia no trabalho foi justamente o dia que o traficante Fernandinho Beira-Mar mandou fechar o comércio do Rio, e eu subindo o morro. Sempre fui engajada, aos 21 anos ajudei a fundar uma das principais ONG’s do país, o MHUD (Movimento Humanos Direitos), em prol dos direitos humanos.



Ainda na carreira teatral participei do grupo de teatro "Não se fala com os muros", do renomado diretor Antônio Abujamra. Jornalista, me formei em Comunicação Social, aos 23 anos fui selecionada dentre milhares de inscritos e comecei a estagiar na Rede Globo de Televisão; dai pra frente não parei mais.  Minha vida foi trabalho e mais trabalho. Atuei na criação e na produção de programas televisivos como novelas, reality-shows e variedades. Entre meus trabalhos destacam-se as novelas "Da Cor do Pecado", "Começar de Novo" e "Malhação", as minisséries "JK" e "Queridos Amigos", as séries "Casos e Acasos", "A Grande Família" e "Lolo e Tavinho" e programas como "Fantástico", "Criança Esperança", "Show da Virada" 2009, 2010 e 2011, "Clipes de Carnaval"(SP e RJ),"Menina Fantástica", "Big Brother Brasil", "Festival de Verão de Salvador", "Carnaval Globeleza", entre outros. 

Aos 26 anos de idade, deixei a TV Globo e passei a me dedicar ao meu primeiro projeto autoral, o evento literário Contos Inversos, neste momento vi meu nome nas principais mídias de todo país (eixo Rio/São Paulo) e me indicavam como grande promessa de formadora de opinião pela ousadia e inovação. Ao lado de Cauã Reymond, Luis Mello, Maria Flor, Stênio Garcia, Nivea Stellman, Samara Fellipo, Werner Shunemann, Pedro Neschiling, Luiza Possi, Dira Paes, Milton Gonçalves e outros grandes nomes do show bussiness, divulgamos e difundimos a poesia para a grande massa. Meu sonho era tornar a poesia acessível a todos, cultura é uma mágica que transforma, mas ainda é muito elitizada. Queria levar a poesia para as praças e escolas públicas. De volta à Rede Globo, aos 28 anos de idade,  trabalhei em uma área que exigia pesquisa e foi onde a criação começou a entrar em minha vida, na linha de show da emissora, e consegui elevar ibopes de programas como Show da Virada em 2011. O ibope estava estagnado desde 2001, eu chegava às 10hrs no Projac e saía às 23hrs, ia pra casa e passava a madrugada na internet fazendo uma minuciosa pesquisa. Descobri que o público que estava em casa na noite de réveillon nos assistindo, era na grande maioria adolescentes que queriam novidades, bandas novas, modernas, e daí começamos a montar o roteiro direcionado para esse público Foi trabalhoso, mas valeu a pena, quando me comprometo a fazer alguma coisa, eu me entrego. 



Aos 31 anos, recebi uma proposta e, mais uma vez, arrisquei tudo e me mudei para São Paulo. Lá, vi pela primeira vez uma idéia sua ir ao ar no programa Auto Esporte, também da Rede Globo, com o quadro “Se Meu Carro Falasse”. O programa estava em transição; de jornalístico ele estava passando para entretenimento e a direção precisava de uma diretora de criação que dialogasse com esse mundo. Eu propus fazer um produto simples, mas que criasse vínculo de identificação com o público. Pensei, pensei...e pimba: Celebridades contando histórias que aconteceram dentro de seus carros... e se o seu carro falasse, o que ele diria? Todo mundo sempre tem uma história que aconteceu dentro do carro, não é? Eu adoro histórias! Depois dessa trajetória toda resolvi apostar em uma outra carreira. Queria mais, eu sentia uma inquietação como se ainda faltasse alguma coisa descobri a arte de escrever. Me matriculei na Fundação Armando Alvarez Penteado (FAAP) e cursei pós-graduação em Argumento e Roteiro para Cinema e Televisão. Em seguida, tive curriculum aprovado para fazer especialização em Dramaturgia na Escuela Internacional de Cine e Television de Cuba, fundada por Gabriel Garcia Marquez e Fidel Castro, a qual, diga-se de passagem, é uma das melhores escolas de escritores do mundo. Também passei por workshops realizados pelo coaching hollywoodiano Robert Mackee e pelo Diretor do Teatro de Arte de Moscou Valentim Tepliakov.

Hoje aos 34 anos, hoje dedico meu tempo para escrever minha obra; entre eles um seriado de televisão inspirado na vida e obra da médica psiquiatra Nise da Silveira, o 'romanseriado' “Nise – Guardiã da loucura”, meu primeiro trabalho autoral em roteiro, es estou priorizando o longa metragem “Alcântara”. Adoro os dois projetos e acredito neles. Não tenho dúvidas, sei que preciso ter paciência porque não comercializamos pizza, nós produzimos histórias e vendemos sonhos. E quem planta, colhe, então é só esperar. Nise’ trás um importante debate para dentro dos lares brasileiros: a esquizofrenia, assunto que é tão discrimininado. Ela é uma mulher forte e frágil, uma guerreira, lutadora que foi escolhida como a personalidade do século XX no Brasil. Nise ousou, inovou e dentro do trabalho que realizava no Hospital Psiquiátrico de Engenho de Dentro, ela criou a terapia ocupacional, revolucionando a forma de tratar os ditos loucos. Já ‘Alcântara’ vem chegando feito um foguete (risos), apresenta um novo modelo de herói para crianças e jovens, o velho astronauta. Informa as pessoas sobre a importância da conquista do espaço, trás a ciência de forma simples, mostrando um Brasil rico e tecnológico, diferente do que temos visto até então. E, claro, servirá de auxílio ao governo federal no desafio de alavancar o programa espacial brasileiro, tão desconhecido pela grande maioria do nosso povo. também espero que seja um estimulo para nossos jovens seguirem carreira aeronáutica, cursando física e matemática porque vamos precisar de mão de obra em Alcântara”.(cidade brasileira cotada para ser o melhor espaço-porto do planeta por ser o mais próximo a linha do Equador).

Encerro essa retrospectiva com uma frase que demonstra minha filosofia de vida para os alunos que me esperam: “Há duas formas de viver a vida, uma é achar que não existe milagres e a outra é acreditar que tudo é um milagre” (Albert Einstein). 


TAG #realizologoexisto

(Texto para os alunos de filosofia da professora Mirian Fernandes Rosa Ferreira da Escola Estadual Professor Vicente Lopes Perez - palestra com Miriam Rezende Gonçalves sobre Introdução ao Existencialismo no dia 08/07/2013 as 09h15)

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